domingo, 20 de setembro de 2020

Mais uma reportagem equivocada da Folha de São Paulo contra os servidores públicos


 

Mais uma matéria vergonhosamente falaciosa da @folhadespaulo. Mais uma vez, o jornal elevou(ou rebaixou) as fake news a um outro patamar. Sempre que trata de servidores públicos, a Folha assume a identidade de Mr. Hyde e torna-se Fake de São Paulo. Até quando a FSP atacará injusta e descaradamente os servidores públicos? O primeiro parágrafo é exemplar quanto ao uso deturpado de informações: "Dados do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) no Brasil explicitam a enorme disparidade de rendimentos e a elevada concentração salarial nos funcionários públicos federais em relação ao resto da população". O jornalista "esqueceu-se" que o nível de escolaridade e qualificação, fator primordial na determinação da renda, é muitíssimo maior entre os funcionários federais que no "resto da população". Troque a expressão servidores públicos por jornalistas, médicos, advogados, enfermeiros, contadores, professores universitários ou qualquer carreira que exija nível superior e o resultado será exatamente o mesmo: renda muito maior do que a média da população. O motivo é que o Brasil é um país extremamente desigual, com índice de Gini, em 2020, de 0,509(quanto mais próximo de zero, menor a desigualdade). Seria necessário comparar carreiras semelhantes. Por que não comparar os ônus e bônus de médicos do serviço público com os do privado? De advogados públicos com privados? Dos grandes advogados criminalistas e Diretores Jurídicos com os juízes e membros do MP que atuam nos mesmos casos que eles? A Folha tenta, a qualquer custo, vincular a imagem dos servidores à dos mais ricos do país. Defende que: "Por causa dos salários do setor público, os habitantes do Distrito Federal têm o terceiro maior patrimônio declarado (R$ 317 mil, em média), não muito atrás dos estados de São Paulo (R$ 373,9 mil) e Rio (R$ 329,2 mil), onde há mais atividade econômica privada e bens acumulados há centenas de anos –enquanto Brasília só foi inaugurada em 1960". 

Analisando os dados citados pela FSP descobri que estudo que ela menciona - sem sequer dar-lhe o título - é "Onde estão os ricos do Brasil", da FGV(https://www.cps.fgv.br/cps/bd/docs/OndeEstaoOsRicos_Marcelo-Neri_FGV-Social.pdf). Esse trabalho NÃO serve a determinar grau de riqueza, o que o torna inútil à tese que a FSP quer emplacar: a de que os servidores são os nababos mais ricos da República. Para determinar riqueza, é necessário analisar a fundo o que os próprios autores do estudo chamam de ativos mais relevantes no estoque de riqueza: imóveis, automóveis ações e, acrescento eu, participações societárias. Acontece que o trabalho, por se basear em informações da Receita Federal, usa o valor de face, e não o de mercado. Eis o que diz o trabalho: "A limitação a ser notada é que parte dos ativos mais relevantes no estoque de riqueza é declarada a valor histórico,como imóveis, automóveis e ações". Se o valor de face é muitíssimo inferior ao de mercado, pode ser usado como indicador preciso de riqueza? A mesma reportagem que demoniza os servidores públicos critica o fato que apenas 14,4% da população declara imposto de renda, o que de fato é para ser criticado. Esquece-se, porém, que 100% dos servidores públicos demonizados têm seu imposto de renda retido na fonte. Mais: os servidores federais ainda arcam com até 22% de contribuição previdenciária, além da alíquota máxima de 27,5% do IR, que são descontados de seu contracheque. Ao comparar salários, a FSP sempre "ignora" que a tributação do servidor é muitíssimo superior à da iniciativa privada. A discussão racional sobre os servidores exige que se analisem as restrições que sofrem; condições de trabalho;os benefícios que geram para o país; os custos; as falhas; princípios regedores da administração; regras de demissão e de seleção; responsabilidades e a atratividade da carreira, etc. Se a @folhadespaulo não é capaz de alcançar esse nível, é pedir demais que ao menos evite as fake news?

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